Setor imobiliário critica fim do ciclo de redução da Selic
Para agentes do mercado, a manutenção dos juros em 10,50 desestimula e dificulta a compra de imóveis
A decisão do Copom de encerrar o ciclo de cortes de juros acendeu o sinal amarelo no setor imobiliário. Em um bom momento - a vendas de novos imóveis registraram uma alta de 43,1% no acumulado de 12 meses - , atores do setor acreditam que a continuação do ciclo de redução estimularia mais a compra da casa própria.
Em nota, a Confederação Câmara Brasileira da Indústria da Construção afirma que a manutenção da Selic em níveis elevados prolonga a escassez de recursos para investimentos produtivos.
– Além disso, os juros neste patamar já se refletem em diversos setores, como a caderneta de poupança, que registrou uma captação líquida negativa de R$16,971 bilhões apenas nos primeiros cinco meses de 2024. Desde 2021, as perdas acumuladas na poupança já ultrapassam R$205 bilhões, afetando diretamente o financiamento imobiliário no país - afirma Ieda Vasconcelos, economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Uma das demandas do setor imobiliário é aumentar a oferta de crédito através da liberação de recursos do compulsório sobre depósitos de poupança.
Sobre a decisão de quarta-feira, Thiago Andrade, diretor da JB Andrade Imóveis, considera que foi negativa para o mercado imobiliário, já que taxa de juros alta significa que o custo do crédito fica mais caro, impactando o financiamento do imóvel.
– Com relação a manter a Selic em 10,5% ao ano, acredito que não será um impacto tão grande na questão da venda porque o setor tem uma demanda reprimida grande e as vendas vêm acontecendo. O que pode acontecer é dar uma esfriada no mercado, principalmente para quem está tomando o crédito porque os juros permanecem altos.